Criação de Trinca Ferro
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Criação de Trinca Ferro
Criação de Trinca Ferro
Dicas importantes
Fernando Martuscelli
Dicas importantes
Fernando Martuscelli
Considerações do autor sobre a Criação de Trincas
Amigo Rob de Wit,
Há algumas coisas que eu gostaria de levantar, embora o conselho do Claudiney seja o melhor: procurar sempre um veterinário.
O problema é que nem todos os veterinários são como o Claudiney. Existem até muitos bem intencionados, mas a especialização em aves nativas é para poucos.
Algumas coisas são fruto da minha observação e da minha fúria autodidata:
a) a administração de anticorpos através das secreções do papo;
b) o PH da mistura repassada aos filhotes;
c) o equilíbrio iônico ferro-cálcio na alimentação;
d) o percentual das vitaminas do complexo B na alimentação;
e) o decréscimo do teor de proteína na mudança de alimentação hidratada para alimentação seca;
f) a presença de fungos no instrumental (seringa, colher) de alimentação artificial;
g) o uso aleatório de antibióticos
Não sei se é de conhecimento de todos e, por favor, não tomem como pedantismo.
O gênero Saltator era classificado como sendo mais próximo aos frugívoros que aos granívoros. Em outras palavras, até não muito tempo atrás, os taxonimistas colocavam os Saltator entre Tanagra, Thraupis, Schistochlamys, etc.
Entre eles o Trinca-ferro.
Um ponto comum entre os frugívoros é que as vitaminas do complexo B são tóxicas para eles. Melhor dizendo, as doses ideais para administração são menores que as dos granívoros em geral. Isto foi constatado por americanos e holandeses, em trabalhos científicos sobre a reprodução de saíras.
Então, ficamos com a primeira questão: qual a percentagem ideal de vitaminas do complexo B para os Saltator? Não há informações disponíveis na literatura brasileira.
Porém, por analogia, seria uma dosagem menor que as aplicáveis para granívoros.
Só que o que tenho visto, nas rações, misturas, etc., é que essa sensibilidade não é considerada.
Na natureza, durante a alimentação das crias, os Saltator ingerem insetos que são naturalmente pobres em cálcio. E ingerem frutas que são mais ricas em cálcio. Não posso precisar quais frutos consomem. Só que, de uma forma geral, ingerem uma alimentação com menos ferro que se possa supor para um granívoro.
Alguns que conheci criaram filhotes de trinca-ferro capturados ilegalmente e anilharam os filhotes, criando os filhotes à mão com uma mistura de banana e ração extrusada batida no liquidificador. A proporção de vitaminas do complexo B e cálcio na banana pareceu ser ideal, porque a taxa de sobrevivência foi alta. Relembro que sou pessoalmente contra a prática de captura de filhotes na natureza. Só estou relatando um fato que observei.
O fato é que há uma competição entre ferro e cálcio. Doses maiores de ferro na alimentação prejudicam a absorção de cálcio. E o ferro é bem tóxico para frugívoros. Isto é um fato cientificamente comprovado. E a VALE VERDE foi a primeira produtora de rações (MEGAZOO) para aves a perceber isto no caso de frugívoros. Mérito do Paulo Machado.
Então, quando sobrecarregamos o ferro na alimentação do Saltator estaremos prejudicando a absorção de cálcio. Isto é fato. Mas quanto de sobrecarga não posso dizer, porque não há estudos para os Saltator. Só posso concluir que as rações com componentes de origem em carne animal terão uma abundância de "ferro heme". Na natureza os vegetais forneceriam "ferro não heme", cuja absorção é cerca de três vezes menor e seria melhorada com vitamina C e com o próprio ferro heme. Então, ao darmos a um frugívoro ração com traços de carnes animais, daremos ferro heme e esse ferro heme potencializaria a absorção de ferro não heme de origem vegetal. Resultado, prejuízo por competição com o cálcio.
Os teores de sódio e potássio também não são analisados pela literatura para os Saltator.
Com isto é certo dizer que em matéria de equilíbrio iônico, a criação de Saltator é feita aleatória e empiricamente.
Damos percentuais aleatórios de matérias fermentáveis: amidos e sacarose. Os açúcares naturais na alimentação de um Saltator seriam frutoses e açúcares invertidos. Essas fermentações demandam cálcio. Se um Saltator ingerir ferro em excesso, haverá prejuízo na absorção de cálcio. Se ingerir fermentáveis, o resto de cálcio será direcionado para a fermentação.
Com isto o PH do intestino do Saltator irá oscilar muito, acidificando-se.
Com a acidez, teremos ambiente para a infestação por fungos.
Aliado a isto há o fato de os filhotes tratados à mão não recebem os anticorpos pela alimentação natural dos pais.
Ao usarmos seringas, introduzindo e reintroduzindo na cavidade oral, levamos fungos para a boca dos pássaros. A seringa deve ser esterelizada sempre.
Mesmo assim, a introdução de seringas gera sempre microtraumas. Para nós não são visíveis. Mas estão lá. E essas pequenas lesões são normalmente atacadas por Cândidas, fungos.
Por isto há produtos para frugívoros na Holanda que já possuem nistatina na formulação.
Há um mau hábito aqui no Brasil de uso preventivo de antibióticos. Nisto temos dois rivais. O uso de antibióticos é grande na Holanda e na Inglaterra entre criadores. E os mais conscientes sabem do mal que isto causa a médio prazo e a curto prazo. A médio prazo geramos cepas mais resistentes de bactérias, por simples seleção natural. A curto prazo, matamos a incipiente flora bacteriana dos filhotes, facilitando a proliferação dos fungos.
Então já vi uma associação de banana (cálcio, complexo B), ração Agroceres (milho), soro fisiológico à base de açúcar de uva e cloreto de sódio e FLORATIL (Saccharomycces bourlardii) dar certo para a criação de Saltator.
Para um criador certa vez, em um diálogo, não uma consulta, porque não sou profissional veterinário, sugeri o seguinte:
a) realizar a assepsia do ambiente contra fungos. Frugívoros e fungos não combinam. Com o perdão aos asseados, os mantenedores de trinca-ferros não são tão obcecados com a higiene quanto deveriam. O Claudiney, o Rob e outros poderiam falar sobre a peste dos Aspergillum;
b) esterilizar seringas de tratamento em água fervente ou autoclave. Seringa de plástico é para ser usada uma vez e jogada fora.
c) formular uma ração com profissional especializado. Como dica uma maior teor de cálcio, menos ferro e menos complexo B.
d) pensar no emprego da mistura de casca de ovo e folha de mandioca que a Pastoral da Igreja Católica fabrica, como fonte adicional de cálcio orgânico.
e) bebedouro com soro fisiológico de cloreto de sódio + açúcar de uva + Floratil. Nada de banheira para banho até a muda de ninho.
f) bebedouro desinfetado e trocado diariamente.
g) nada de antibióticos por conta própria. Presumi que os tratamentos preventivos aplicados aos pais foram feitos a tempo e modo corretos, sob a orientação de um veterinário.
h) na estação chuvosa, algumas gotas de nistatina na água de beber.
No cerrado, um cipó é muito escolhido pelos Saltator para fazerem ninhos. E o cipó amarra-vaqueiro (Combretum leprosum). O cipó é um antifúngico natural. Talvez Deus em sua extrema sabedoria tenha dado uma orientação genética aos trinca-ferros. Não sei.
Só sei que as sugestões de manejo já "deram certo" muitas e muitas vezes. E já há alguns filhotes de Saltator realmente nascidos em cativeiro com o emprego dessas sugestões.
São só coisas para reflexão.
Um abraço a todos,
Fernando Martuscelli
Re: Criação de Trinca Ferro
Show de artigo, gosto demais dos trinca.
Reryson Colares- Criador ativo
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Re: Criação de Trinca Ferro
Muito bom ! obrigado por compartilha!!
Diego Henrique- Criador ativo
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