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Lesões oculares em canários

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Mensagem por Davi Hemerly Qua Fev 13, 2013 5:38 pm

Lesões oculares em canários

Caracteres Gerais
As lesões descritas nesse trabalho foram observadas por mim, pela primeira vez,
na temporada de cria de 1999, em carazinho, norte do Rio Grande do Sul, mas outros
criadores, de várias regiões do País, relatam ocorrências do mesmo caso, nesse e em
outros anos.

A parte técnica foi orientada e fundamentada pelo Médico Veterinário Dauri Jorge
Varashin, criador e presidente da Sociedade Ornitológica do Planalto, que tem dirigido
sua atenção para as enfermidades envolvendo canários, com grande êxito.
Essa lesão ocorre no globo ocular de filhotes, entre 3 e 8 dias de vida e caracteriza-se por
um endurecimento da secreção, assemelhando-se a um grão de painço, dentro da
pálpebra, de coloração amarelada, causada por staphylococcus aureus.
Sempre ocorre antes da abertura dos olhos, retardando-a. A forma de
contaminação não está perfeitamente determinada, pois os casos podem ocorrer de modo
isolado, dentro da mesma peça de criação e em criadouros não relacionados. Porém, nas
gaiolas dos casais onde já apareceram casos, a reincidência é maior. O contato entre os
afetados parece ser a causa mais provável, pois a enxertia de filhotes de outros ninhos
aumenta a disseminação.

A idéia de relação com hipervitaminose nos pássaros carotenados foi
definitivamente afastada pelo aparecimento homogêneo em plantéis com e sem fator
vermelho. Possui características de infecção secundária.
Ocasiona um aumento da mortalidade dos filhotes, podendo chegar de 8º/10º dos
nascidos. As doenças podem ocorrer isoladamente na mesma ninhada, com filhotes
sadios desenvolvendo-se perfeitamente entre os afetados. A mortalidade dá-se pelo fato
de que, com o surgimento da lesão, esses enfraquecem e não são alimentados de modo
adequado pelos pais, morrendo por inanição. A natureza estabelece um controle eficaz.
Os pássaros que sobrevivem não tratados a tempo, apresentam lesão irreversível
de retina, ficando cegos e lacrimejando continuadamente, tornando impraticável a sua
utilização no plantel.

Esse germe encontra-se dispersos em qualquer ambiente, com uma convivência
pacífica com os indivíduos e os ataques ocorrem quando há um desequilíbrio, causado
por diminuição na resistência orgânica. Vários fatores externos contribuem como a
superlotação, a má aeração do ambiente e manejo incorreto. Qualquer mudança na
qualidade da alimentação também traz reflexos imediatos.
Não há, entretanto, na literatura especializada, descrição de lesão conjuntiva
causada por essa bactéria, com essas características, mesmo em outras espécies
animais.

Resultados dos Exames
Os exames realizados pacientemente pela farmacêutica bioquímica Elisete
Cioccari, do Laboratório Cirus Ltda, isolaram o germe staphylococcus aureus, em
cultura pura, sem presença de germes secundários. No antibiograma, a bactéria
apresentou sensibilidade aos medicamentos Amicacina, Cefalotina, Ciprofloxina,
Gentamicina, Netilmicina, Nitrofurantoína, Tetraciclina e Tobramicina e resistência
para os Ácidos Nalixídico e Pipimídico, para Ampicilina, Aztreonam, Cefotaxina,
Cefotaxinina, Cloranfenicol, Imipenem, Norfloxacin e Sulfazotrin.

Tratamentos
De início, tentou-se um tratamento para os filhotes infestados, de modo curativo,
com colírios, mas de pouco êxito devido à dificuldade de tratamento de uma lesão interna.
A regressão só foi conseguida nos casos tratados no primeiro dia do aparecimento,
quando se nota um pequeno ponto amarelado no centro do olho, através da pálpebra. Não confundir com a linha de abertura da pálpebra. A lesão é mais difusa, circular, e não
linear.

O medicamento utilizado foi uma pomada oftálmica, de uso humano, à base de
cloridrato de oxitetraciclina e polimixina b, barata e facilmente encontrada em
qualquer farmácia, aplicada após a limpeza do local. Alguns filhotes, tratados nesse
ponto, curaram-se totalmente. O mais indicado no início do aparecimento no criadouro,
segundo criadores que convivem há mais tempo com a doença, é a eliminação total dos
filhotes afetados, com pulverização dos pais, ninhos, ovos, filhotes e instalações com
desinfetante de amplo alcance. Normalmente, feito isso, não aparecem novos casos.
Bons resultados têm sido alcançados com o produto VIRKON, de fabricação
inglesa, e que, segundo testes, não apresentou nenhuma toxidade aparente. No mercado
nacional, existem vários produtos excelentes e de bom alcance, como o QUILOL-L e o
LAVI-FEN. Segundo Dauri Varashin, essas desinfecções gerais não devem ser feitas de
modo constante, para não afetar a resistência dos indivíduos pela ausência de contato
com os germes.

Ainda, explica que medidas drásticas somente devem ocorrer quando houver
quadros agravados, para promover uma baixa rápida na população do patógeno,
possibilidade de re-equilíbrio ambiental. De maneira geral, uma boa profilaxia constante
do criadouro manterá os níveis estáveis, podendo os animais conviver de modo
harmônico com o ambiente.
No caso de surtos dessa doença, pode ser feito tratamento preventivo/curativo,
antes e durante a temporada de cria, com medicamento à base de clavulinato de
potássio e amoxilina, antibiótico para uso humano, na dosagem de 250 mg do princípio
ativo (um frasco) para 4 Kg de farinhda seca, durante 7 a 8 dias, com intervalo de 40 a 50
dias.

Também pode ser utilizado na papa dos filhotes de ninho, na mesma proporção.
Os criadores devem ser alertados para que não se utilizem medicamentos sem
necessidade premente, para evitar resistência bacteriana, o que reduzirá ou até anulará o
seu efeito, quando necessário. Acompanhei a utilização dos desinfetantes QUILOL-L, na
dosagem de 5 ml/litro, e VIRKON, na proporção de 5g / litro, pulverizado em todo
ambiente e nos animais (adultos, filhotes e ovos), além medicamento descrito acima, e os
casos não se repetiram após o início do tratamento. Uma ótima aeração do ambiente é
imprescindível, principalmente nas regiões e épocas mais frias.

Conclusão
A conclusão que se chega é que a utilização massiva de antibióticos sem
necessidades urgente, aliado ao trânsito indiscriminado de pássaros reprodutores, tem
propiciado o surgimento de novas patologias, e que o melhor tratamento ainda é
alimentação com qualidade, manejo adequado e observação diária e criteriosa do plantel,
em ambientes equilibrados. Infelizmente, o uso não criterioso de medicamentos nos
nossos plantéis tem anulado o efeito de produtos que poderiam ser nossos grandes
aliados. A prática negativa de "medicar" pássaros e farinhadas com o primeiro que
aparecer ainda é freqüente. O bom senso e a orientação de criadores com formação
técnica e profissional da área ainda são insubstituíveis.

Autor: Paulo Cesar Löf.
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Mensagem por Tiago Sex Fev 15, 2013 6:32 am

belo artigo!esse artigo pode servir para os criadores inexperientes que auto medicam suas aves sem embasamento algum e ao invez de ajudar estão atrapalhando mais ainda a situação da ave
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Mensagem por Reryson Colares Sex Fev 15, 2013 8:10 am

Show de artigo!
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Mensagem por caio leal Sex Fev 15, 2013 10:52 am

muito bom!!
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