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O papel da Bigamia na Canaricultura

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Davi Hemerly
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O papel da Bigamia na Canaricultura  Empty O papel da Bigamia na Canaricultura

Mensagem por Davi Hemerly Qui Jan 10, 2013 8:09 pm

O papel da Bigamia na Canaricultura

Este artigo visa esclarecer os novos criadores o emprego da bigamia e de como tal prática
possibilita a obtenção de um bom nível de qualidade em seus plantéis com um custo mais viável.
Sempre é bom alertar os interessados, entretanto, que tal sistema não é o mais prático, pois manter
um número menor de reprodutores machos também significa despender maior tempo em manejo.
De um modo geral, o emprego de um macho para duas ou até cinco fêmeas
(como é utilizado na Itália por alguns criadores) possibilita um investimento menor em
aves de excelente qualidade, mas exige maior atenção e cuidado da parte do criador. Já
ouvimos de jovens criadores, aliás com é o nosso caso, que o esquecimento de mudar
um macho de gaiola num determinando período do dia, gerou ovos brancos. Mas tudo
isso é um risco previsto, pois a bigamia exige maior dedicação tanto do seu criador e de
seu tratador.

Para facilitar, quando um leigo trabalha junto do plantel, sugerimos que se corte
as penas do rabo do macho em linha reta ou que se empregue anilhas plásticas da
mesma cor para cada grupo de fêmeas e para o macho que está sendo utilizado. Em
nosso caso, preferimos o segundo sistema. Caso o tratador não saiba separar o macho
das fêmeas, o que não é raro acontecer, é aconselhável utilizar um anel de cor única para
todos os machos do plantel.
De um modo geral, a grande maioria dos criadores brasileiros emprega o método
tradicional, mantendo o casal fixo durante todo o período de cria. Muitos acreditam que os
filhotes são melhor tratados quando a fêmea é ajudada pelo macho.

Não acreditamos que isso seja uma verdade indiscutível, já que muitos machos
sequer aproximam-se dos filhotes. Ao contrário, costumam até atrapalhar, quando tendem
galar a fêmea acabam derrubando ovos ou esmagando filhotes. Outra alegação comum
entre os defensores do casal fixo é de que, quando o macho é retirado, certas fêmeas
deixam de tratar sua prole ou abandonam mesmo o ninho. Na bigamia, isso não ocorre, já
que o macho deve ser retirado definitivamente quando a fêmea deposito o quarto ovo.
Além disso, uma fêmea que não trata os filhotes ou abandona-os por qualquer motivo,
não está apta para a criação e deve ser descartada.

É interessante mesmo alertar para o fato de que os criadores italianos não
empregam forro fixo ou descartável, como fazemos, pois acreditam na máxima de que
uma fêmea que não tece seu ninho com estopa, não será uma boa mãe. A experiência
própria tem-nos demonstrado que isso também é uma verdade.
Em uma de nossas viagens pela Europa, no mês de fevereiro, período de
acasalamento na Itália, observamos que grande parte dos criadores aplicam o método da bigamia. Em outubro de 1994, ouvimos vários criadores italianos falarem de seu sistema
de acasalamento. Mas como nem tudo que se ouve é aplicado da maneira que se fala,
aproveitamos nosso período de férias em fevereiro para ver “in loco” um pouco da grande
experiência desses grandes criadores.

O mês de fevereiro na Europa, ainda bastante frio, é utilizado para a seleção final
do plantel e para o acasalamento. Tivemos o prazer de acompanhar ambos os processos.
Normalmente, são reservados dois machos muito parecidos para um grupo de
cinco fêmeas também bem semelhantes. Cada um deles passa por todas elas, evitandose que um falhe e ovos brancos já na primeira rodada. Caso este falhe, recomeça-se com
o outro na rodada seguinte.
Em nossas conversas com esses criadores italianos, todos adeptos há muitos
anos do emprego da bigamia, descobrimos que o grande sucesso (média de ovos férteis
bastante elevada), depende da preparação e manutenção do macho, que é retirado da
última fêmea antes de anoitecer e descansa até a manhã seguinte numa pequena gaiola
colocada sobre as demais.
Antes de empregarmos dados retirados de pesquisas mais recentes sobre a
bigamia, é bom que discutamos determinados aspectos que conduzem à reprodução das
aves em cativeiro:

Na natureza, sabemos que as aves apresentam uma tendência natural à
monogamia, o que não significa que não existam infidelidade nas relações entre um casal
fixo (a média mais baixa de infidelidade é de 20%em algumas espécies).
Existem estratégias adotadas por machos e fêmeas para atingir o objetivo do
acasalamento extraconjugal. Ao contrário do que possa parecer, as infidelidade
aumentam o sucesso reprodutivos e garantem o aumento de genes desejáveis de
machos portadores de excelente material genético (só os mais férteis e fortes atingem o
objetivo da cópula e reprodução).
Mas não só aos machos interessa essas infidelidade, já a natureza gera nas
fêmeas o interesse de produzir filhotes melhores e mais saudáveis.
Pesquisas recentes demonstram que o índice de fertilidade nos machos aumenta
quando se acasalam com outra fêmea que não a do casal fixo.
De um modo geral, o macho de algumas espécies (mandarins por exemplo)
atinge entre 54% e 84% de fertilidade com uma fêmea nova (o que nos parece um índice
bastante desejável).

Na monogamia, a experiência própria demonstra que, com raras exceções, esse
índice fica entre 30% e 75%. A infidelidade e a bigamia estimulam tantos machos como
fêmeas. Nos machos, o período entre o novo acasalamento e a aceitação da fêmea não é
de todo perdido, ao contrário, pois serve para amadurecimento dos espermatozóides.
A quantidade de espermatozóides liberada nesses casos é em torno de sete
vezes maior, o que possibilita sua passagem peço canal vaginal da fêmea com maior
rapidez. O canal vaginal é um meio ácido, portanto hostil aos gametas masculinos. Cabe
lembrar ainda que a fecundação nas aves não ocorre o momento da copulação, mas
posteriormente. Os espermatozóides ficam guardados no oviduto, sendo liberados aos
poucos, já que uma fêmea só produz um ovo por dia para ser fecundado.

Em artigo recente sobre uma pesquisa desenvolvida com mandarins, foi provado
que um macho que mantém relações com uma única fêmea, tem seu estoque de
espermatozóides e a velocidade de seus gametas reduzida pela metade. “Mas, ao
esperar que outras fêmeas cedessem às suas investidas, eles estariam melhorando a
qualidade de seus gametas”.
Alguns conselhos tornam-se úteis àqueles que resolvam utilizar a bigamia no
próximo ano, já que a experiência mostrou-nos que devemos levar em conta certos
cuidados na preparação do plantel para o período de cria, principalmente se a bigamia for
empregada:

1) Individualização dos machos pelo menos dois meses antes do acasalamento.
É preferível que um não veja o outro;
2) Manutenção das fêmeas em cômodo separado para que não ouçam o canto
dos machos. Evita-se assim o estabelecimento de preferência;
3) Manter grades separando o casal durante pelo menos 15 dias;
4) Manter os casais sem que um veja o outro; e
5) Manter as gaiolas das fêmeas em seqüência vertical para facilitar o manejo.
É aconselhável ainda a introdução de novas aves no plantel nos anos seguintes,

para evitar-se a consangüinidade. Entretanto, é desejável o emprego de pai e filhas, mãe
e filho, quando geneticamente a qualidade de ambos é indiscutível.
Um dos grandes méritos da bigamia, esse sistema aparentemente trabalhoso é
facilitar a formação de quartetos, já que os filhotes originam-se de um mesmo pai e de
fêmeas fisicamente semelhantes, normalmente irmãs.

Sem dúvida o aproveitamento genético de machos de grande qualidade é outra
vantagem desejável por todos nós não é de hoje que sabemos que um grande campeão
não nasce por acaso, mas resulta de um bom acasalamento entre canários de excelente
qualidade. Não basta, entretanto, acasalar dois campeões; mas sim utilizar o material
genético de cada um de maneira a obter qualidades, eliminando os possíveis defeitos. Não são poucos os grandes criadores brasileiros (Blasina, Beraldi, Celso
Ramalho, Basile, Gracioli) e Italianos (Malavasi, Bertoline, Manfredini, Dr. Bruno, entre
outros) que empregam o sistema da bigamia e que tivemos a oportunidade de visitar.
É bom lembrar que eles não são campeões à toa, ou apenas porque empregam
esse sistema, mas principalmente por aplicarem-se no estudo genético da ornitologia e na
observação diária de seu plantel. São verdadeiros aficionados da Canaricultura, pessoas
que buscam o prazer através da perfeição obtida ao criarem um belíssimo exemplar.
Não é apenas orgulho que observamos em suas fisionomias ao criarem um
campeão, mas a felicidade de terem atingido um objetivo que custou anos de trabalho e
dedicação.

Quem participa dos campeonatos, sabe muito bem que a ornitologia brasileira
deixou de lado o amadorismo de algumas décadas atrás e atingiu um degrau inesperado
em período tão curto. Isso fez com que todos nós investíssemos na qualidade do plantel
para não ficarmos para trás.
Ninguém, pelo menos que eu saiba, cria atualmente canários apenas para
comercializar em lojas de aves.
Afinal, de que adiantaria comprarmos tantas matrizes importadas para
entregarmos filhotes de boa qualidade para leigos que desejam um canarinho par cantar?
Nesse sentido, é preferível investir em pássaros de primeira linha, obtendo
resultados satisfatórios mais rapidamente.
Esperamos que nosso artigo, pequenas observações de um iniciante, sirva de
algum modo para os companheiros de paixão por essas pequenas aves que nos
encantam e nos enchem de energia e prazer a cada dia.

Extraído da Revista da SPCO
45ª Exposição de Canários
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Mensagem por Reryson Colares Sex Jan 11, 2013 4:53 am

Muito bom!
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Mensagem por Wendel Sex Jan 11, 2013 5:00 am

É inegável que o texto trás informações preciosas para um iniciante, mas o autor deu um deslise quando fala em canal vaginal em canária. Só faltou dizer que o canário tem pênis em vez de falo.
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Mensagem por Reryson Colares Sex Jan 11, 2013 10:54 am

Wendel escreveu:É inegável que o texto trás informações preciosas para um iniciante, mas o autor deu um deslise quando fala em canal vaginal em canária. Só faltou dizer que o canário tem pênis em vez de falo.

Hehe, Embarassed ,o cara vacilou legal agora que você falou que percebi.
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Mensagem por Jessica Estephany Sex Jan 11, 2013 10:56 am

nossa vacilos mesmo
o meu Deus!! Embarassed
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Mensagem por Duda Nogueira Sex Jan 11, 2013 11:46 am

Verdade, Amigos...
Mas o Texto é muito Bom.
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Mensagem por Reryson Colares Sex Jun 27, 2014 9:16 pm

Up!
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Mensagem por Paulo123 Sáb Jun 28, 2014 12:55 pm

Artigo muito bom Very Happy
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O papel da Bigamia na Canaricultura  Empty Re: O papel da Bigamia na Canaricultura

Mensagem por Tarantinni Qua Jul 23, 2014 4:49 pm

Ótimo artigo..
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