O ovo na alimentação do canário
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O ovo na alimentação do canário
O ovo na alimentação do canário
Nos primeiros dias de vida do Canário, a administração do ovo cozido as mães constitui um meio idóneo de aportar ao regime alimentar, daquele delicado período, determinadas substâncias das quais uma ninhada tem absolutamente necessidade e que não encontra em outros alimentos.
Na teoria, estas mesmas substâncias que por 13 dias ou seja, pelo período de incubação, tem alimentado o embrião, permitindo o seu desenvolvimento, se continuam a ser administradas através da embicagem dos pais desde a eclosão, asseguram uma certa continuidade nutritiva num período muito delicado do ninhada que vai até o 7-10º dia de vida.
Dessa forma, o instinto impele uma boa Canárias a nutrir-se, nos primeiros dias da eclosão dos seus pequeninos, de muito ovo, garantindo aquela substância indispensável ao primeiro desenvolvimento corpóreo do filhote. Penso que este intuito ocorreu desde o primeiro instante no qual o primeiro criador iniciou a criar estes nossos canários em gaiola; e desde então nenhum criador mais sonhou em criar canários sem o emprego do ovo como alimento base.
Devido a isto, devemos recorrer sem nenhuma alternativa, procurando saber quais são as substância nutritivas que o tornam tão precioso na alimentação dos nossos pássaros.
O ovo que nos usamos, normalmente aquele de galinha, é composto da gema, clara (albume), membrana testácea (dita véu) e casca. Estas quatro partes não têm o mesmo peso nem a mesma composição química.
Em linhas gerais, no ovo de galinha 6 partes do peso total pertencem a albumina, 3 partes a gema e uma parte a casca e membrana testácea. Assim pois, em um ovo de galinha que pese cerca de 60 gramas, teremos que 36 gramas é o peso da albumina, 18 de gema e 6 de casca e membrana testácea.
COMPOSIÇÃO DO OVO
O ovo é composto de Água - presente em 73,5% do peso total; Proteína 12,5%; Gorduras - 12%; Sais minerais (cinzas) 1% (considerando somente aqueles da gema e da alumina e desprezando aqueles da casca não utilizada).
Tais componentes estão distribuídos nas várias partes do ovo, que ora examinaremos, em quantidades não iguais.
GEMA
É composta essencialmente de proteínas presentes na razão de 17% e gorduras na razão de 33%. Tem um conteúdo de água de 47%. Estão presentes também alguns carotenóides que contêm aquela cor mais ou menos amarela à gema.
Tais carotenóides presentes em dose de 0,02%, são constituídos essencialmente de Caroteno (Betacaroteno) e da Xantofila (Luteína, Zeaxantina).
Os canários de cor, além que das verduras (cenoura, espinafre, couve) e da papa e de alfafa, esta ultima empregada por muitos criadores na preparação da ração farinhada, podem tirar, portanto também do ovo aqueles carotenóides naturais úteis na pigmentação das penas. Se consideramos que a farinha de alfafa é considerada rica de Carotenos, com um conteúdo de 60 mg por quilograma, devemos admitir, sob este aspecto, que o ovo é mais apropriado para aportar pigmentos naturais na alimentação tendo um conteúdo de carotenos de cerca de 200 mg por quilograma.
A gema, além disso, conte Vit. A,D,F,K, aquelas do complexo B e a Biotina (Vit. H.).
Vários estudiosos do sector sustentam que é quase impossível calcular o conteúdo vitamínico de um ovo, por quanto esse depende de muitos factores, em tais como a estação, o tamanho do ovo, raça e idade da galinha, a alimentação, etc.
Como exemplo, a vitamina A é muito elevada no ovo produzido no início da postura; a Vitamina D é maior nos ovos postos no verão. Parece, além disso, que os ovos menores contêm uma maior quantidade de Vit. B 2 e que a quantidade de Vit. B 1 depende da raça da galinha.
Quanto ao que se refere aos minerais, e necessário se ter em conta que o elemento que se encontra em maior quantidade é o fósforo seguindo do enxofre.
Na gema, além disso, estão contidas todas as gorduras presentes no ovo. O percentual dessas é de 33%.
Esta presença relevante de gorduras, na gema, sugere que: abusar do ovo de alimentação dos Canários em geral, se de um lado se permite enriquecer a dieta com proteína animal de alto valor biológico e com vitaminas naturais, do outro pode-se criar dificuldade de natureza digestiva pelos efeitos negativos que o próprio teor de gordura exercita a partir do fígado. Tais inconvenientes as vezes se acentuam se é usada somente a gema no lugar do ovo inteiro. Estamos portanto diante de uma arma de dois gumes que se precisa saber usar com prudência.
ALBUMINA
É composta, na maior parte, de água e proteína. De fato, contem 85% de água e 10% de proteína. Escassa a presença de gordura (1%) de glicídios (0,5%), de minerais (0,5%) e de vitaminas.
O menor percentual de proteína presente na albumina nos confrontos daquele contido na gema, não deve fazer supor que o segundo aporte mais proteína que o primeiro.
Os dois componentes de ovo tendo pesos diferentes, para um diverso conteúdo de água (85% na albumina, 47% na gema), têm diferentes concentrações de proteína mas as duas quantidades são quase idênticas.
De fato, se a gema pesa cerca de 18 gramas, teremos uma quantidade de proteína igual a: 18 x 17,5: 1000 = 3,5 grs. E se a albumina pesa cerca de 36 grs. teremos uma quantidade de proteína igual a: 16 x 10,5: 1000 = 3,7 grs.
Como se vê, os dois valores quase se equivalem.
É errado, portanto, do ponto de vista nutritivo, empregar somente a gema, como aconselham alguns: assim fazendo além de causar uma perda inútil, se rompe o equilíbrio de certos valores nutritivos de um alimento assim precioso.
Na tabela que segue reportamos os aminoácidos essenciais contidos no ovo inteiro, separadamente, na gema e albumina.
Conteúdo em aminoácidos indispensáveis do ovo calculado em % de proteína.
AMINOÁCIDOS OVO INTEIRO GEMA ALBUMINA
Arginina 6,4 8,2 5,8
Fenilalania 6,3 5,7 5,5
Isoleucina 8,0 2,3 4,4
Histidina 2,1 2,6 2,2
Leucina 9,2 2,3 4,4
Lisina 7,2 5,5 6,5
Metionina 4,1 2,3 4,4
Treonina 4,9 2,3 4,4
Triptófano 1,5 1,6 1,6
Valina 7,3 2,3 4,4
Fazendo um confronto do mencionados valores resulta o exemplo que na albumina a Metionina (aminoácido indispensável útil em toda fases da vida do canário) está em quantidade superior aquela contida na gema (4,4% na albumina, 2,3% na gema).
A Arginina, vice-versa, está contida em 8,2% na gema e 5,8% na albumina.
Recordemos também que Arginina e Metionina, aminoácidos sulfurados, são elementos indispensáveis no processo biológico da formação da pena.
Continuar portanto, a administrar ovo cozido, possivelmente amalgamado na ração farinhada também no período da muda, vale dizer enriquecer a dieta de aminoácidos e vitaminas naturais que permitem uma óptima troca de penas, especialmente naqueles exemplares de particular selecção.
Em definitivo, os princípios nutritivos da albumina e gema, pelo que concerne aos valores proteicos, se compensam e se integra a revés para formar do ovo o alimento de mais alto valor biológico.
A titulo informativo, citamos que na alimentação humana, o ovo tem um valor biológico de cerca de 80%, contra 70% do leite e da carne, e que dois ovos equivalem a cerca de 10 gramas de carne.
Em Zootecnia, o valor biológico de ovo para crescimento de ratos é de 96%, o da caseína de 73%, o da farinha de soja de 75%, de levedura de cerveja e 60% (dizendo que o Valor Biológico, por ex. da farinha de soja, é de 75%, vale dizer que 75% do nitrogénio presente na proteína digerível da soja é usado pelo organismo para o acréscimo celular. Assim o ovo, no rato, com o V.B. de 96% intervém quase a cem por cento no processo de crescimento do organismo).
CASCA
Na casca estão contidos quase todos sais minerais do ovo, somente uma mínima parte (como foi dito, de 1%) está contida na gema e na albumina.
A casca, em toda sua qualidade (6,gr), está constituída assim, essencialmente de Carbonato de Cálcio. Em mistura muito interior estão presentes Magnésio e Fosfato de Cálcio.
Alguns criadores usam a casca de ovo, evidentemente triturada e misturada à ração farinhada: não se faz outra coisa que acrescentar à dieta uma complementação mineral constituída predominantemente de Carbonato de Cálcio.
A ESCOLHA DO OVO
Ovos limpos.
É prudente usar ovos que venham de granja higienicamente controlada e assim de galinha sãs.
De fato, o ovo, apesar da deposição, se sucessivamente conservado em ambiente higienicamente perfeito, fica isento daqueles germes patogénicos que poderão comprometer a saúde dos filhotes.
Deve-se evitar a utilização de ovos com casca quebrada ou lesada porque podem estar contaminados com bactérias e fungos. Todavia deve-se ter em conta que o ovo por si só, dentro de certos limites, possui defesas químicas contra a invasão de bactérias que se encontram inevitavelmente em nosso ambiente.
É a albumina que contém esta defesa química que impede o desenvolvimento de bactérias através de algumas das suas proteínas (lisozima, globulina, etc.) que exercem acção bactericida.
Também a membrana testácea de ovo, estando interposta entre a casca e a albumina, constitui uma espécie de filtro que impede a passagem das bactérias as quais atravessam os poros da casca podendo contaminar a parte interna do ovo.
A necessidade porém diz que a prolongada cocção torna o ovo pouco digerível e também mais prejudicado nos seus princípios nutritivos.
O ideal seria usar ovos logo que depostos e crus; mas isto obviamente não é possível para o nosso fim, para o qual é necessário tornar o ovo duro sem submete-lo a cozimento prolongado.
Já há tempo usamos o sistema de levar ao fogo a água e ovos ao mesmo tempo, até quando a água começa a ferver. Neste ponto desliga-se o fogo e espera-se que a água esfrie. Tem-se assim o ovo já pronto para ser usado na preparação da ração farinhada; estarão igualmente duros sem terem sido submetidos a prolongado cozimento.
OVOS FRESCOS
Tendo-se em vista que o ovo é teoricamente fresco no alto da deposição, é conveniente usar ovos adquiridos directamente de uma casa de confiança para serem consumidos em torno de poucos dias.
Colocando-se um ovo em transparência, mediante uma lâmpada acesa, ele é considerado fresco quando:
1-a câmara de ar é quase invisível
2-a gema acha-se no centro do ovo;
3-a clara é transparente.
Quando se abre um ovo cru, este é fresco quando a clara é consistente e a gema não se alarga nem achata.
Enfim, o ovo é fresco se, colocado em uma panela de água, ficar no fundo.
QUANTIDADE
A quantidade a ser usada é normalmente de um ovo para cada 100 gramas de ração farinhada, no período de criação dos filhotes. Quantidade menor durante a muda das penas. No período de repouso o ovo pode ser eliminado.
Obviamente estes são dados orientativos, já que estão em função da ração farinhada em uso que não deve ser preparada somente à base de farinha de pão...
UMA CONSIDERAÇÃO
A este ponto surge espontaneamente uma consideração: Empregando o ovo, que tem um conteúdo proteico de 12,5%, misturado à ração farinhada que se bem preparada tem um percentual proteico que oscila de 17 a 20%, se abaixa voluntariamente o teor proteico da mistura ovo mais ração farinhada.
Agora todos os nossos cálculos, às vezes escrupulosos na preparação da ração farinhada, tornam-se compromissos próprios da união de um alimento que nós usamos porque é de alto valor nutritivo.
O discurso reinaria se não se tratasse próprio do ovo.
Tanto e verdade que usando, por ex. sêmola de trigo que tem um percentual de proteína mais ou menos igual aquela do ovo, poderia se substituir este último com o equivalente conteúdo (60grs) do primeiro, sem alterar a quantidade de proteína junta. Mas isto do ponto de vista quantitativo e não qualitativo.
É observada a boa qualidade da proteína, ou seja, o alto, valor biológico, que faz do ovo um alimento insubstituível na alimentação dos pássaros criadas em cativeiro, essencialmente no período reprodutivo.
Autor: Mario Di Natale - Itália
Re: O ovo na alimentação do canário
Ótimo artigo !
Arthur Ferreira- Criador experiente
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Re: O ovo na alimentação do canário
Muito bom!!
Reryson Colares- Criador ativo
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